Maurício Assumpção deixará o cargo de presidente do Botafogo
nesta quarta-feira (Foto: Satiro Sodré)
A derrota por 2 a 0 para a Chapecoense, que praticamente selou o rebaixamento do Botafogo no Campeonato Brasileiro, foi a última partida de Maurício Assumpção como presidente do Alvinegro. Nesta terça-feira será conhecido aquele que ficará à frente do clube no triênio 2015/2016/2017. Quase 1.800 sócios estarão aptos a votar nas eleições que começam às 9h e terminam às 21h, na sede de General Severiano. Quatro candidatos - nenhum deles declaradamente de situação - disputam o pleito:
Carlos Eduardo Pereira (Chapa Ouro), Marcelo Guimarães (Chapa Cinza), Thiago Cesário Alvim (Chapa Azul) e Vinicius Assumpção (Chapa Alvinegra). Um deles será pela primeira vez presidente do Botafogo. O vencedor assume o posto já nesta quarta-feira com uma primeira missão complicada: quitar até sexta-feira os cerca de R$ 4 milhões da terceira parcela do Refis - programa de refinanciamento de dívidas.
Esta é uma das heranças deixadas por Maurício Assumpção, que encerra seu segundo mandato marcado por uma sequência de medidas que tiveram como consequência o caos financeiro. O Botafogo atualmente acumula mais de R$ 700 milhões em dívidas fiscais e trabalhistas e teve todas suas receitas bloqueadas por ter sido excluído do Ato Trabalhista, acusado de sonegar receitas.
No futebol, o Botafogo vive seu pior ano em muito tempo. Justamente o ano em que conseguiu voltar à Libertadores após quase duas décadas de ausência. Em 2014, Maurício Assumpção precisou lidar com protestos de jogadores por causa de salários atrasados - que incluíram até em boicote a um amistoso. Recentemente, foi bombardeado de críticas por ter demitido Bolívar, Emerson Sheik, Julio Cesar e Edilson, alguns dos mais experientes do elenco, os acusando de serem lideranças negativas.
Foi o mesmo Maurício Assumpção que conseguiu mobilizar positivamente a torcida alvinegra contratando ídolos como Jefferson, Loco Abreu e, principalmente, Seedorf. Durante suas duas gestões o Botafogo conquistou os estaduais de 2010 e 2013 e alcançou a vaga na Libertadores. Mas tem praticamente decretado o segundo rebaixamento de sua história.
Neste cenário, os quatro candidatos à presidência precisarão driblar a crise econômica e formar uma equipe lançando mão de contratações mesmo sem dinheiro em caixa. Ao mesmo tempo, equacionar e quitar as dívidas, buscando receitas e usando o máximo possível do potencial do Engenhão, que tem reabertura prevista para o início de 2015.
Primeiro a se anunciar candidato, Vinicius Assumpção encabeça a Chapa Alvinegra "Vinicius Presidente". Sem parentesco com o atual presidente, apesar do mesmo sobrenome, ele tem como principal compromisso a luta para que o sócio-torcedor tenha direito a voto nas eleições futuras.
Da esquerda para direita, de cima para baixo: Carlos Eduardo Pereira, Marcelo Guimarães, Thiago Alvim e Vinicius Assumpção, os candidatos à presidência do Botafogo para o triênio 2015/2016/2017 (Foto: Reprodução)
Thiago Cesario Alvim é o representante da Chapa Azul "Por Amor ao Botafogo". Vice-presidente de comunicação social nos últimos cinco anos, o empresário se desligou da atual diretoria e deixa claro não ser um candidato de situação. Ele tem como vice o empresário Durcésio Mello, frequente colaborador financeiro do Botafogo, e tem como principal aliado o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro.
Carlos Eduardo Pereira tenta pela segunda vez seguida vencer as eleições. À frente da Chapa Ouro "Oposição Unida", ele volta à disputa após perder para Maurício Assumpção em 2011. Mais crítico da atual diretoria, ele prega uma reformulação total no atual modelo de gestão do Botafogo. Um de seus cabos eleitorais é o capitão Carlos Alberto Torres.
Diretor de marketing do Botafogo durante parte da gestão de Maurício Assumpção, Marcelo Guimarães comanda a Chapa Cinza "Grande Salto". Uma de suas principais ideias é pregar uma renovação que passa por aqueles que comandam o clube e vai até os torcedores.
As eleições do Botafogo são diretas, e o vencedor assumirá o posto já no dia seguinte. A chapa vencedora terá o presidente, o vice e 140 nomes no Conselho Deliberativo. Se a chapa que ficar em segundo lugar tiver mais de 20% dos votos, indica 14 nomes ao Conselho. Se houver empate entre as duas chapas que ficaram em segundo lugar e com mais de 20% dos votos, cada uma indica sete nomes ao Conselho.