terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Excluído de reunião, Carlos Alberto Torres deixa o Botafogo

Rio de Janeiro (RJ)
Carlos Alberto Torres, eterno ídolo do Botafogo, decidiu deixar o posto de ministro dos esportes do clube após se sentir menosprezado pela diretoria do Glorioso. Mesmo tendo participado da escolha do novo treinador do time, o Capita afirmou que perdeu a importância e a influência nos bastidores e preferiu sair do Alvinegro.
"Infelizmente eu não vou continuar colaborando com o Botafogo como eu vinha fazendo. Eu vinha ajudando na campanha, mas agora as coisas tomaram outros rumos e eu senti que não era mais requisitado para ajudar e decidi sair. Quando eu senti que a minha presença não era mais requisitada, eu mesmo decidi me afastar. Mas de qualquer maneira, a hora que precisar, estou à disposição”, afirmou Carlos Alberto, em entrevista à Rádio Tupi.
O ex-lateral-direito não tinha um vínculo contratual com o Botafogo, mas tinha como objetivo ajudar a conseguir novos patrocínios e levantar a marca do clube no exterior, utilizando de todo seu prestígio internacional. A nova diretoria do Glorioso teria oferecido o cargo de diretor de futebol a ele, mas o Capita acabou recusando a oferta.
"Eu não tinha contrato e não tinha compromisso oficial com o Botafogo. Eu comuniquei ao vice de futebol Mantuano e eu senti que eles não precisavam mais da minha ajuda. Eu preciso cuidar da minha vida também. Teve uma reunião nesta segunda-feira e eu nem fui convidado, por isso, eu senti que não tinha mais importância para ajudar o Botafogo", finalizou .
Divulgação/Botafogo F. R.
Esquecido pela diretoria, Carlos Alberto Torres decide deixar o cargo de ministro dos esportes do Botafogo

sábado, 20 de dezembro de 2014

Costa diz que ex-presidente do PSDB recebeu propina

Segundo ex-diretor da Petrobras, a construtora Queiroz Galvão pagou R$ 10 milhões para esvaziar CPI da estatal
por Redação — publicado 17/10/2014 16:32, última modificação 18/10/2014 17:53
José Cruz/Agência Brasil
Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB
Sérgio Guerra foi senador e um dos principais críticos do governo do PT
Beneficiado com a delação premiada, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa deu novos depoimentos que incluem, agora, o PSDB no esquema de corrupção da Petrobras. Costa afirmou que deu propina, em 2009, ao ex-presidente do partido tucano Sérgio Guerra para que ele esvaziasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendia esclarecer as denúncias de corrupção na estatal. Guerra morreu neste ano e foi substituído no cargo por Aécio Neves, hoje candidato do PSDB à Presidência. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a declaração do ex-diretor da Petrobras, foi Guerra quem o procurou e cobrou 10 milhões de reais para que a CPI, aberta em julho de 2009, fosse encerrada. Ainda de acordo com Costa, Guerra contou que usaria a propina para a campanha presidencial de 2010, em que a presidenta Dilma Rousseff venceu o então candidato do PSDB José Serra, eleito senador da República neste ano.
O pagamento teria sido feito depois que a comissão foi encerrada sem punições, no fim daquele ano. Além de presidente do partido, Guerra era senador na época e um dos 11 membros da CPI – três integrantes eram da oposição e acusaram o governo de impedir as apurações. O suposto acordo teria servido para esconder as descobertas de irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Por isso, a propina teria sido paga pela Construtora Queiroz Galvão, citada no caso de superfaturamento e desvios da Abreu e Lima. Iniciada em 2008, a obra ainda não foi terminada e tem superfaturamento comprovado pelo Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal.
Paulo Roberto Costa já havia denunciado que 12 senadores, 49 deputados federais e ao menos um governador já receberam dinheiro desviado da estatal. Os políticos de PT, PMDB e PP ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras no período em que Costa foi diretor da estatal, entre 2004 e 2012, afirmou ele.
Os depoimentos de Costa começaram no dia 29 de setembro. Foram cerca de cem encontros com procuradores do Ministério Público Federal e delegados da Polícia Federal nos quais o ex-diretor da estatal teria narrado os pormenores da relação entre as empresas ligadas a Alberto Youssef, um pool de empreiteiras e bilionárias licitações na Petrobras. Por causa do surgimento de pessoas com foro privilegiado, os depoimentos foram criptografados e enviados ao ministro Teori Zavascki, relator do inquérito da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Biografia
O deputado federal Sérgio Guerra morreu, aos 66 anos, vítima de pneumonia decorrente de complicações de um câncer de pulmão. Ele atuou em várias comissões parlamentares de inquérito (CPIs), entre elas, a dos Correios, que investigou um esquema de compra de votos na base do governo.
Em 2006, Sérgio Guerra assumiu a campanha do candidato tucano à Presidência Geraldo Alckmin. No ano seguinte, foi eleito presidente nacional do PSDB no lugar do então senador Tasso Jereissati (CE). Em 2009, Guerra tentou formalizar um acordo com os precandidatos à Presidência da República pelo partido, o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o de São Paulo, José Serra. A proposta não vingou e Serra, candidato do partido, foi derrotado por Dilma Rousseff.

Petrobras recebeu propina de empresa holandesa

Auditoria da SBM Offshore aponta pagamento de 30 milhões de dólares de suborno para fechar contratos de aluguel de plataformas do pré-sal

Fernanda Allegretti, de Amsterdã
DÁDIVA OU MALDIÇÃO? - O navio-plataforma Cidade de Anchieta, o primeiro a produzir no pré-sal: contrato de arrendamento
sob suspeita
DÁDIVA OU MALDIÇÃO? - O navio-plataforma Cidade de Anchieta, o primeiro a produzir no pré-sal: contrato de arrendamento sob suspeita      (Agência Petrobras/VEJA)
Em agosto de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou um evento em Brasília para divulgar o início da exploração do petróleo na camada do présal. Em um discurso ufanista preparado para levantar a candidatura de Dilma Rousseff à sua sucessão, Lula afirmou que a descoberta do óleo era como um “novo descobrimento do Brasil”, já que traria “riqueza e autossuficiência energética”. Ao final da fala, porém, fez um alerta: “Pré-sal é dádiva de Deus, mas pode virar maldição”. Foi como uma premonição. A Petrobras só colheu más notícias depois que passou a prospectar petróleo a 8 000 metros de profundidade. A empresa comprometeu suas receitas mantendo artificialmente o preço da gasolina, vem atrasando pagamentos a fornecedores, acumula 7,3 bilhões de reais em dívidas fiscais e precisa gastar 16,5 bilhões de dólares por ano com importação de combustível, dado que a prometida autossuficiência não saiu do papel. Não bastassem tantos problemas econômicos, a maior empresa brasileira agora foi envolvida na investigação de um esquema de corrupção que movimentou mais de 250 milhões de dólares em pagamento de propina.
Em 10 de abril de 2012, a empresa holandesa SBM Offshore, a maior fabricante de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo, iniciou uma investigação interna para apurar denúncias de que funcionários de suas subsidiárias pelo mundo corrompiam autoridades para conseguir contratos com governos e empresas privadas, entre 2007 e 2011. Há duas semanas, as conclusões da investigação foram publicadas na Wikipedia, a enciclopédia colaborativa da internet. Os documentos mostram que houve pagamento de propina em Guiné Equatorial, Angola, Malásia, Itália, Cazaquistão, Iraque e no Brasil, onde funcionários e intermediários da Petrobras teriam recebido pelo menos 30 milhões de dólares para favorecer contratos com a companhia holandesa. Os documentos, segundo a investigação, foram divulgados por Jonathan Taylor, ex-funcionário do escritório da SBM em Mônaco, que deixou a empresa em 2012 e pediu 3 milhões de euros para não revelar o esquema. Nos papéis, há nomes, valores, contratos e trocas de e-mails entre dirigentes da SBM e de empresas internacionais. Como a empresa não cedeu, ele tornou o caso público. A SBM confirma a chantagem e a autenticidade dos documentos, que foram enviados para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e para o Ministério Público da Holanda, que abrirá uma investigação para apurar o escândalo nas próximas semanas.
Agência Petrobras
A presidente da Petrobras, Graça Foster, e o diretor Figueiredo: a empresa tem 9 bilhões de reais em contratos com a SBM
NO PAPEL - A presidente da Petrobras, Graça Foster, e o diretor Figueiredo: a empresa tem 9 bilhões de reais em contratos com a SBM
O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma “comissão” de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras — 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira. Uma troca de e-mails entre três diretores da SBM, que faz parte da investigação, traz minutas confidenciais da Petrobras e faz referência a uma reunião com um enge­nheiro-chefe da empresa, José Antônio de Figueiredo, para tratar da renovação do aluguel de uma plataforma de petróleo sem ter de passar por licitação. Figueiredo, funcionário de carreira da Petrobras há 34 anos, trabalhava no departamento de compras internacionais na gestão de José Sergio Gabrielli na presidência da empresa (2005-2012). Em maio de 2012, já sob o comando de Graça Foster, foi promovido a diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais e membro do conselho de administração.
Nos documentos, há referências a pagamentos de propina para obtenção de contratos de aluguel de alguns dos principais navios-plataforma que operam na exploração do pré-sal. Um deles é o Cidade de Anchieta, fabricado pela SBM e alugado à Petrobras por 1,28 bilhão de reais. Ele está ancorado no campo de Baleia Azul, no complexo do Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos, e foi o primeiro a retirar comercialmente petróleo do ­pré-sal, em setembro de 2012. Há ainda menções às plataformas Cidade de Saquarema e Cidade de Maricá, que foram encomendadas pela Petrobras à SBM em julho de 2013 por 3,5 bilhões de dólares. E ao Cidade de Ilhabela, que foi fabricado na China pela SBM e está sendo montado no Estaleiro Brasa, em Niterói (RJ), para entrar em operação ainda neste ano. O valor do contrato passa dos 2 bilhões de reais. De acordo com os documentos da investigação, o pagamento das “consultorias” a Faerman facilitou a obtenção dos contratos com a Petrobras, que não tiveram a “devida divulgação”. Além do pagamento em dinheiro, os documentos mostram outros “mimos” a dirigentes das empresas corrompidas, como ingressos para a Copa do Mundo de 2010 e para o Grande Prêmio de Mônaco.
Documentos obtidos por VEJA mostram que a Petrobras tem vinte contratos de aluguel de equipamento com a empresa holandesa, que somam mais de 9 bilhões de reais. O mais antigo é de 2000 e o mais recente, de agosto do ano passado — todos para operação no ­pré-sal. A SBM é uma das mais antigas empresas holandesas. Sua história remonta a 1672, quando se chamava Smit Kinderdijk e construía navios para a Companhia das Índias. Desde 1969 passou a se dedicar à construção de plataformas para exploração de petróleo. Hoje, é a 54ª maior empresa da Holanda, com receita de 4,8 bilhões de dólares em 2013 — o Brasil é seu principal mercado de exportação, seguido por Angola. Nas últimas duas semanas, desde que o escândalo foi divulgado na internet, as ações da empresa na bolsa europeia caíram 20%.
A Petrobras afirma que tomou conhecimento das denúncias de suborno, mas ainda não foi notificada por autoridades da Holanda. Disse ainda que “está tomando providências para averiguar a veracidade dos fatos”. José Antônio de Figueiredo e Julio Faerman não foram encontrados para comentar as denúncias.
Com reportagem de Alana Rizzo
ROMBO INTERNACIONAL - Ultrapassada, a refinaria vale 15% do que foi pago
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Um bilhão perdido no Texas

O escândalo de corrupção da holandesa SBM não é o primeiro a vazar das profundezas por onde transitam os negócios escusos para manchar a reputação da Petrobras. A companhia até hoje não conseguiu explicar o que a levou a investir 1,2 bilhão de dólares em uma refinaria nos Estados Unidos, pequena, ultrapassada e sem condições de processar o petróleo extraído na costa brasileira, que não vale 15% disso. O caso, revelado por VEJA em 2012, está sob análise do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público, que investigam suspeitas de superfaturamento.
Em 2006, a Petrobras, então sob a gestão de José Sergio Gabrielli, comprou por 360 milhões de dólares 50% da Pasadena Refining System Inc., no Texas. A planta havia sido adquirida um ano antes, desativada, pela belga Astra Oil, por 42,5 milhões de dólares. O que levou a refinaria a ter uma valorização de dezessete vezes em um ano permanece um mistério. Uma disputa entre as duas empresas, em 2009, transformou o caro em absurdo. A Petrobras perdeu na Justiça e foi obrigada a pagar 839 milhões de dólares à Astra pela sua metade. Quando percebeu que não havia o que fazer e o melhor era se livrar da refinaria, a única proposta de compra foi de 180 milhões de dólares. Diante do rombo iminente de mais de 1 bilhão de dólares, a Petrobras desistiu da venda.
O governo e a Petrobras gostariam que o caso permanecesse a profundidades superiores às do pré-sal, mas um desfecho está próximo. “As investigações se encaminham para confirmar que a compra da refinaria de Pasadena é um dos contratos mais escandalosos da Petrobras", afirma o procurador Marinus Marsico, do Ministério Público Federal.