sexta-feira, 2 de agosto de 2013


  atualizado às 13h34

Carandiru: acusação diz que 47 foram atingidos na cabeça e no pescoço

Acusação apresentou laudos periciais das trajetórias dos disparos feitos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar

Segunda etapa do julgamento do Carandiru deve ser finalizado entre a noite desta sexta-feira e a madrugada deste sábado Foto: Fernando Borges / Terra
Segunda etapa do julgamento do Carandiru deve ser finalizado entre a noite desta sexta-feira e a madrugada deste sábado
Foto: Fernando Borges / Terra
  • Thiago Tufano
    Direto de São Paulo
  • Vagner Magalhães
    Direto de São Paulo
O promotor Fernando Pereira da Silva, responsável pela acusação dos 25 policiais acusados por 73 mortes no terceiro pavimento da Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, mostrou, na manhã desta sexta-feira, laudos periciais das trajetórias dos disparos feitos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. De acordo com os relatórios, 47 das 52 vítimas levaram tiros na cabeça e no pescoço, o que totaliza 90,4% dos mortos naquele pavimento. Não houve nenhuma vítima de disparo de fogo que conseguiu sobreviver.
Os policiais responsáveis pela ação dentro da Casa de Detenção alegam, porém, que no momento em que entraram no local, não enxergavam bem e só observavam “vultos e clarões”.
Além disso, 37 das 52 vítimas foram atingidas por tiros com trajetórias, atiradores e em momentos diferentes. "Como acertar três ou mais tiros no escuro, apenas com clarões e vultos? Será que estava tão escuro assim? Eles não se defenderam, mas sim atiraram para matar, cometendo excessos e execuções", afirmou o promotor. "Como atingiram as vítimas dessa forma apenas se defendendo?", questionou.
Além disso, os relatórios mostraram ainda que muitas das vítimas levaram tiros de cima para baixo, comprovando que os detentos estavam abaixados. O laudo prova também que 25% dos presos levaram cinco ou mais tiros e apenas dois detentos foram atingidos por um disparo cada. Ao todo, segundo a promotoria, 243 tiros de armas de fogo foram feitos no 3° pavimento.
Julgamento 
O quinto dia do julgamento dos 25 policiais militares acusados por 73 das 111 mortes ocorridas em 2 de outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, nesta sexta-feira, está reservado para o debate entre acusação e defesa dos réus, que deve se estender por até 10 horas. Depois disso o conselho de sentença se reúne para definir o futuro dos réus. A decisão deve sair por volta das 2h deste sábado.
Esta é a segunda etapa do julgamento, que começou em abril com a condenação de 23 policiais militares - todos integrantes do 1º Batalhão de Choque (a Rota - Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Eles receberam uma pena de 156 anos de prisão, em regime fechado, por conta de 13 das 15 mortes ocorridas no primeiro andar do prédio. Todos recorrem da sentença em liberdade.
Nessa primeira etapa, os policiais receberam a pena mínima para cada homicídio, que é de seis anos, somada a mais seis anos por impossibilitarem a defesa das vítimas. Os 12 anos foram multiplicados pelas 13 mortes para se chegar ao resultado final da sentença. Na ocasião, o júri ainda absolveu três PMs denunciados: Roberto Alberto da Silva, Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues, seguindo recomendação do próprio Ministério Público. A justificativa é que eles não atuaram no 1º andar do pavilhão com a tropa.

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