18/9/2013 às 00h05 (Atualizado em 18/9/2013 às 08h58)
Possível adiamento do processo do mensalão poderá levar eleitores frustrados às urnas em 2014
Sensação de impunidade e descrédito devem influenciar voto do brasileiro, avaliam especialistas
A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e a possível aceitação dos recursos que podem reabrir o processo do mensalão — chamados de embargos infringentes — devem impactar não só os rumos das decisões do Judiciário a partir de agora, mas também o processo eleitoral de 2014.
Especialistas ouvidos pelo R7 avaliam que, se os embargos infringentes forem aceitos e o julgamento recomeçar, haverá uma sensação de descrédito que pode dar força às manifestações populares e influenciar a campanha presidencial do ano que vem.
O professor de direito e de filosofia jurídica da Universidade Presbiteriana Mackenzie João Antônio Wiegerinck avalia que o sentimento de impunidade pode acabar resultando na eleição de políticos que têm a ficha suja. Segundo ele, a sensação de que “nada muda” leva os eleitores a não acreditarem no poder do voto.
— A população acaba desanimando, a frustração vai ser tão grande, que para o ano que vem fica aquela sensação de “não adianta, você pode eleger quem você quiser, nada vai mudar”. Fica essa sensação.
O cientista politico da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer se mostra preocupado com o descrédito na Justiça. Segundo ele, se o processo do mensalão for reaberto, a avaliação do Judiciário vai cair bastante.
— Vai aumentar muito o descrédito no sistema judiciário e no Supremo. Nosso sistema judiciário já não é muito bem avaliado pela população, vai aumentar mais ainda a insatisfação.
Para o especialista, o descontentamento será um prato cheio para novas manifestações populares, principalmente em ano eleitoral e com a realização da Copa do Mundo, quando o Brasil será o foco da imprensa internacional.
O professor de ciência política da UnB João Paulo Peixoto também avalia que pode haver uma crise no Judiciário, semelhante ao que há entre a sociedade e o Legislativo.
— A opinião pública vai se decepcionar com mais uma instituição. Não vai atingir só a imagem do Supremo, vai atingir todo o Judiciário. Já temos uma situação delicada com o Legislativo, se tivermos uma crise com o Judiciário, o quadro fica mais delicado.
O decano do STF, ministro Celso de Mello, vai decidir nesta quarta-feira (18) se os embargos infringentes (recursos que podem reabrir o processo do mensalão) serão aceitos pelo Corte. A votação em plenário está empatada em 5 a 5 e cabe ao decano anunciar o voto de minerva.
Caso os recursos sejam aceitos, 12 dos 25 condenados no mensalão terão uma segunda chance e serão julgados novamente. Se isso ocorrer, o processo deve se arrastar pelo menos até 2014, dividindo as atenções com a campanha presidencial do ano que vem.
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