quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sim de Muricy ao São Paulo foi um ato de nobreza e gratidão. Treinador tem as virtudes necessárias para salvar o time do rebaixamento

De Vitor Birner
Tempo urge
O trabalho de Paulo Autuori no São Paulo foi ruim.
Concordo que não teve tempo para implementar a filosofia de jogo, mas sem dúvida utilizou mal o pouco que lhe foi dado.
Mudou a escalação e o esquema tático dos tempos de Ney Franco, mesmo sabendo que o time não teria tempo de treinar e faria a excursão na Europa.
Perdeu uma série de jogos por causa disso.
Na primeira semana livre para treinar a equipe, voltou ao 4-2-3-1 adotado pelo seu antecessor.
A evolução do time sob o comando dele continuava muito lenta.
Nunca conseguiu, por exemplo, se apresentar tal qual nas duas partidas no Morumbi contra o Galo, a segunda até Lúcio ser expulso, pela Libertadores.
Ou seja, o time regrediu sob o comando dele e não dava sinais de que conseguiria emendar uma série de vitórias para fugir do rebaixamento.
Como o tempo era curto para esperar as ideias de Autuori renderem futebol e resultados melhores, achei correta a troca de treinador.
Dignidade e gratidão
Muricy Ramalho podia ficar na dele, aguardar, quem sabe, a proposta do Corinthians ou a confirmação da oferta milionária do Catar…
Só ficaria desempregado se quisesse, pois certamente receberia também outros bons convites de trabalho.
Ele vai ganhar, segundo informação do repórter Guilherme Palenzuela do UOL, salário menor do que recebeu no Peixe, Fluminense e Palmeiras.
Se exigisse mais dinheiro para retornar ao São Paulo, os cartolas, desesperados com a situação do time na tabela de classificação, pagariam.
De tudo que Muricy Ramalho fez até hoje como técnico do São Paulo, o sim no atual momento e o fato de ter simplificado a negociação foram seus atos mais dignos e nobres para com a instituição.
Mostrou verdadeira gratidão, tão rara no futebol de hoje, ao clube que o projetou e o ajudou a entrar no rol de principais técnicos do país.
Explico.
Conf0rtável
Muricy Ramalho, após o trabalho ruim no começo de sua carreira de técnico, voltou ao São Paulo em 2006.
Mais experiente e com filosofia de futebol diferente da que adotava nos anos 90, assumiu a equipe campeã da América e do Mundo, com elenco e estrutura, na época, superiores aos dos concorrentes.
Claro que as vantagens em relação aos adversários aumentava a responsabilidade de levar o time aos títulos, mas nenhum treinador, na época, tinha uma situação tão confortável quanto a dele.
Muricy Ramalho, até aquele momento apenas com títulos estaduais no seu currículo, aproveitou a chance e saiu do clube, 3 anos e meio depois, com o tricampeonato brasileiro e o status de melhor técnico do país.
Desafio diferente
Agora a situação é bem diferente.
Apesar de o São Paulo ter elenco com qualidade para brigar na parte de cima da tabela de classificação, na prática é um time destroçado pelas brigas internas, resultados pífios no brasileirão e dificuldades emocionais para lidar com a crise.
A maior prova disso é que os astros Ganso, Luis Fabiano, Ceni, Lucio e Jadson decepcionam e Aloísio cai nas graças do torcedor, pois tem, dentro das quatro linhas, a atitude que o são-paulino da arquibancada espera de todos seus jogadores.
Resumindo, Muricy não vai dar sequência, como da outra vez, ao trabalho vencedor.
Terá que recuperar o futebol e a auto-estima dos principais boleiros para eles jogarem um pelo outro e todos pelo manto sagrado vermelho, branco e preto.
O caminho
Taticamente, não há muitos segredos.
Basta ver as repetições dos jogos contra o Atlético MG no Morumbi e fazer os ajustes.
A marcação na bola aérea, uma das especialidades do técnico, e a recomposição do sistema defensivo, precisam melhorar desde os tempos de Ney Franco.
O trabalho do profissional que antecedeu Autuori será útil.  Muricy não vai começar do zero.
A equipe deve atuar no 4-2-3-1.
A forma como Muricy vê o futebol combina com o perfil do elenco.
O treinador gosta de lidar com atletas experientes.
Se os que defendem o São Paulo mostrarem o que sabem, especialmente o complicado e mimado Luis Fabiano, certamente a equipe sairá da situação atual.
Opinião
Posso estar enganado, todavia creio que Muricy fará ótimo trabalho.
Solucionará boa parte dos problemas do time dentro e fora de campo.
No Peixe e no Flu, apesar de ter saído sem deixar as equipes em boas condições, fez coisas na parte tática que não havia realizado na passagem anterior pelo Morumbi.
Acredito que evoluiu no trabalho ofensivo dos times.
Impacto 
Uma vitória contra a Ponte Preta abrirá o caminho para Muricy rapidamente resolver parte dos problemas do time.
A derrota, por outro lado, colocará enormes obstáculos.
No Morumbi com carga de ingressos esgotada, qualquer resultado vai gerar grande impacto emocional nos atletas.
A chance de o clima ser mantido nos próximos dias e levado para dentro de campo no confronto de domingo diante do Vasco, é bem razoável.
Aviso
Não vou postar sobre São Paulo x Ponte Preta.
Irei ao Morumbi, mas não a trabalho.
Deixarei gravando o jogo e se achar necessário escrever algo para o blog, vou revê-lo com a devida frieza antes de postar a descrição do mesmo.
Desejo ótima quinta-feira para você!

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