quarta-feira, 31 de julho de 2013

Embaixadas
Conheça as embaixadas localizadas no paraíso caribenho
1/9

DESPERDÍCIO NO PARAÍSO

Brasil sustenta embaixadas ociosas em ilhas do Caribe

Desde de 2006, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um plano de ampliação das relações diplomáticas colocou as ilhas caribenhas como prioridade

Enviar por e-mail
Imprimir
Aumentar letra
Diminur letra
Fonte Normal
PUBLICADO EM 21/07/13 - 03h00
Caribe. Apertadas entre o mar do Caribe e o Atlântico, estão localizadas cinco pequenas ilhas paradisíacas – Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago –, cujas populações somadas não alcançam o número de habitantes de Belo Horizonte. Por lá, o turismo brasileiro é, até o momento, apenas um desejo governamental. O comércio das ilhotas com o Brasil é irrisório. Juntas, elas não conseguem alcançar 1% do total das exportações brasileiras. No ano passado, uma delas, Granada, vendeu para o Brasil o correspondente a US$ 651, valor insuficiente para se comprar um iPhone 5. Cifra que dificilmente poderá ser muito ampliada, considerando que o que as ilhas mais produzem é banana e coco.

Nada disso impediu, porém, que, desde de 2006, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um plano de ampliação das relações diplomáticas colocasse as ilhas caribenhas como prioridade, o que também aconteceu com o continente africano, no início dos anos 2000.

Em recente evento, realizado em São Paulo com o nome de “2003-2013 – Uma nova política externa”, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, confirmou a política exterior que fez o Brasil intensificar o diálogo com vários países e grupos de nações, especialmente os do Eixo Sul-Sul e emergentes, mas não apresentou justificativas convincentes. “Abrimos embaixadas em cada um dos países do Caribe, para o desenvolvimento de projetos e também para a celebração de um passado comum, como a escravidão, o que nunca tinha feito parte da nossa agenda”, disse o ministro.

A estratégia, porém, parece não considerar importante o fato de apenas 160 brasileiros viverem nas cinco ilhas que abrigam as embaixadas – três delas criadas na gestão de Lula. Também desconsidera que o número de turistas é ainda menos relevante, já que não há um fluxo regular de brasileiros, nem sequer rotas áreas entre o Brasil e as ilhas. Somente no ano passado, foi criada uma linha direta entre Guarulhos (São Paulo) e Barbados, que ainda está em experimentação. Atualmente, a empresa aérea tem a garantia do pagamento integral do voo pelo governo de Barbados, mesmo que nem todas as passagens sejam vendidas. Essa ligação, no entanto, ainda não foi capaz de ampliar o turismo entre os países. Segundo estimativas otimistas, cerca de 500 brasileiros visitam Barbados por ano.

Custo alto. O número de turistas é ainda menor nas outras ilhas, onde os brasileiros somente podem ter acesso passando por Miami, nos Estados Unidos. Outra alternativa é embarcar por uma linha doméstica a partir de Barbados, cuja passagem de ida e volta para uma das outras ilhas custa, em média, US$ 500. É o mesmo preço dos bilhetes de ida e volta de Guarulhos para Barbados, o que faz com que o custo do transporte seja dobrado para quem mora aqui.

Melhorar as condições de acesso a essas ilhas é uma das prioridades das embaixadas brasileiras localizadas no Caribe. Elas tentam, junto com os governos locais e com as empresas aéreas, repetir o acordo fechado com Barbados, mas ainda não obtiveram sucesso. (Com Rodrigo Freitas

DESPERDÍCIO NO PARAÍSO

Lula deu prioridade ao Caribe e à África

Enviar por e-mail
Imprimir
Aumentar letra
Diminur letra
Fonte Normal
PUBLICADO EM 22/07/13 - 03h00
Caribe.O questionamento sobre a manutenção de embaixadas brasileiras nas ilhas Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago se revela pertinente ao se observar que outros países, de porte semelhante ao das nações caribenhas e com relações comerciais mais intensas com o Brasil, possuem apenas um escritório de representação comercial. A ideia de expandir a política externa brasileira ao Caribe e principalmente à África ganhou corpo nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando 40 embaixadas foram abertas. A consequência disso foi a não priorização de outras áreas importantes do ponto de vista econômico.

Esse é o caso, por exemplo, de Taiwan, que, em 2012, importou do Brasil US$ 2,34 bilhões (0,97% de todas as exportações brasileiras) e exportou US$ 3,16 bilhões (1,42% do total de importações). O valor total do comércio exterior entre os dois países foi de US$ 5,51 bilhões – mais do que o dobro dos negócios entre o Brasil e as cinco ilhotas caribenhas, que somaram US$ 2,49 bilhões.
Conhecido por ser um dos quatro Tigres Asiáticos, Taiwan é a 26ª maior economia do mundo, e sua indústria de tecnologia desempenha um papel-chave na economia global. Mas a ilha conta com apenas um escritório comercial do Brasil. Por lá, segundo estimativas publicadas pela Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB), do Ministério das Relações Exteriores, vivem cerca de mil brasileiros – número seis vezes maior que o da população brasileira que vive nas cinco ilhas caribenhas visitadas pela reportagem de O TEMPO. Segundo informações das próprias embaixadas, moram naquelas ilhas cerca de 160 cidadãos do Brasil.
Se a justificativa para abrir embaixadas era incrementar o comércio exterior com o Caribe, os números comprovam o fracasso da empreitada inaugurada no segundo mandado do governo Lula, quando foram criadas as representações em Santa Lúcia, em São Cristóvão e Névis e em Granada. Em nota, o Itamaraty afirmou que “a abertura de novas embaixadas se insere no esforço de ampliar a presença externa do Brasil proporcionalmente à crescente importância do país no cenário internacional”.

Números. Atualmente, o Brasil tem 141 embaixadas, 61 consulados, 11 vice-consulados e 13 missões junto a organismos internacionais. No total, segundo o Ministério das Relações Exteriores, a representação diplomática brasileira está presente em 194 países. Algumas nações têm mais de uma modalidade de representação do país, como os Estados Unidos, por exemplo, que têm embaixada e consulados.

Para efeito de comparação, a Alemanha está representada em 197 países – apenas três a mais que o Brasil. São 153 embaixadas, 55 consulados gerais e seis consulados, 12 representações multilaterais, três representações estrangeiras e uma representação não oficial, segundo dados da assessoria de imprensa do governo alemão. (Com Rodrigo Freitas