DESPERDÍCIO NO PARAÍSO
Lula deu prioridade ao Caribe e à África
PUBLICADO EM 22/07/13 - 03h00
Caribe.O questionamento sobre a manutenção de embaixadas brasileiras nas ilhas Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago se revela pertinente ao se observar que outros países, de porte semelhante ao das nações caribenhas e com relações comerciais mais intensas com o Brasil, possuem apenas um escritório de representação comercial. A ideia de expandir a política externa brasileira ao Caribe e principalmente à África ganhou corpo nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando 40 embaixadas foram abertas. A consequência disso foi a não priorização de outras áreas importantes do ponto de vista econômico.
Esse é o caso, por exemplo, de Taiwan, que, em 2012, importou do Brasil US$ 2,34 bilhões (0,97% de todas as exportações brasileiras) e exportou US$ 3,16 bilhões (1,42% do total de importações). O valor total do comércio exterior entre os dois países foi de US$ 5,51 bilhões – mais do que o dobro dos negócios entre o Brasil e as cinco ilhotas caribenhas, que somaram US$ 2,49 bilhões.
Conhecido por ser um dos quatro Tigres Asiáticos, Taiwan é a 26ª maior economia do mundo, e sua indústria de tecnologia desempenha um papel-chave na economia global. Mas a ilha conta com apenas um escritório comercial do Brasil. Por lá, segundo estimativas publicadas pela Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB), do Ministério das Relações Exteriores, vivem cerca de mil brasileiros – número seis vezes maior que o da população brasileira que vive nas cinco ilhas caribenhas visitadas pela reportagem de O TEMPO. Segundo informações das próprias embaixadas, moram naquelas ilhas cerca de 160 cidadãos do Brasil.
Se a justificativa para abrir embaixadas era incrementar o comércio exterior com o Caribe, os números comprovam o fracasso da empreitada inaugurada no segundo mandado do governo Lula, quando foram criadas as representações em Santa Lúcia, em São Cristóvão e Névis e em Granada. Em nota, o Itamaraty afirmou que “a abertura de novas embaixadas se insere no esforço de ampliar a presença externa do Brasil proporcionalmente à crescente importância do país no cenário internacional”.
Números. Atualmente, o Brasil tem 141 embaixadas, 61 consulados, 11 vice-consulados e 13 missões junto a organismos internacionais. No total, segundo o Ministério das Relações Exteriores, a representação diplomática brasileira está presente em 194 países. Algumas nações têm mais de uma modalidade de representação do país, como os Estados Unidos, por exemplo, que têm embaixada e consulados.
Para efeito de comparação, a Alemanha está representada em 197 países – apenas três a mais que o Brasil. São 153 embaixadas, 55 consulados gerais e seis consulados, 12 representações multilaterais, três representações estrangeiras e uma representação não oficial, segundo dados da assessoria de imprensa do governo alemão. (Com Rodrigo Freitas
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