terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Governo estuda usar verba do FAT para dar cursos a demitidos da GM

Geralda Doca, Martha Beck, Roberta Scrivano e Ronaldo D’Ercole - O Globo
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BRASÍLIA e SÃO PAULO - O governo decidiu agir para minimizar os efeitos das demissões da General Motors (GM), anunciadas às vésperas do Ano Novo, por carta. Segundo revelou ao GLOBO o ministro do Trabalho, Manoel Dias, uma das saídas a serem propostas à montadora, no início de janeiro, é usar um programa do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que está sendo remodelado, a fim de permitir que esses funcionários possam fazer cursos de qualificação dentro da própria empresa, usando maquinários disponíveis, para serem reaproveitados em outras áreas. Durante o período do curso, eles receberiam uma bolsa do FAT.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos decidiu recorrer à presidente Dilma Rousseff, depois que a GM começou, no fim de semana, a enviar correspondências a funcionários que estavam em férias coletivas informando sobre as demissões. Em carta enviada à presidente, Antonio Ferreira, o Macapá, presidente do sindicato, lembrou que na reunião entre governo e montadoras, semana passada, ficou acordada a manutenção dos empregos em troca da volta gradual das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), rebaixadas para estimular as vendas do setor. Por isso, o sindicato insistia que a presidente Dilma forçasse a GM a rever as demissões.
— O governo não pode colaborar com essa situação e deve evitar que isso ocorra — disse.
Dias: momento inoportuno
Manoel Dias, que conversou ontem por telefone com o presidente da montadora e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, disse, porém, que os demitidos terão que cumprir o processo normal de desligamento. Ele disse que foi informado por Moan de que as demissões foram motivadas pela desativação, programada, de uma linha de montagem e a interrupção da fabricação do Classic na unidade de São José dos Campos. As demissões de última hora ocorreram, segundo o ministro, pois não houve acordo com o sindicato.
— Não houve entendimento com o sindicato da categoria e 670 trabalhadores foram demitidos — disse o ministro, que considerou, por outro lado, o corte por telegrama e às vésperas do Ano Novo, “inoportuno”.
Dias disse que vai receber representantes dos trabalhadores, depois de amanhã, e que apoia a intenção do sindicato local em pedir ajuda da presidente Dilma para tentar reverter a situação.
— É uma demissão expressiva e tem impactos. Por isso, vamos tentar encontrar uma solução — disse o ministro, que deverá se reunir com a Anfavea no início de janeiro.
Ele mencionou também que as demissões não têm ligação com o aumento gradual do IPI para o setor automotivo e que o problema é localizado. Técnicos da Fazenda disseram que o governo não pode interferir em decisões do setor privado, sobretudo porque a dispensa pode não estar relacionada ao aumento do IPI ou à exigência de freios ABS e airbags em todos os carros.
A GM diz que as dispensas estavam previstas há mais de um ano, quando decidiu encerrar a produção do Classic em São José dos Campos. E que, por isso, nada tem a ver com o IPI. Ao todo, eram 1.500 os trabalhadores dessa linha. Mas ao longo do ano muitos aderiram aos vários plano de demissão voluntária (PDV), e agora restariam 450. Macapá, do sindicato, diz que a empresa estaria demitindo em outras áreas do complexo de São José dos Campos. A GM nega.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté informou que as dispensas nas fábricas da Volkswagen e da Ford em Taubaté foram decorrentes de PDVs negociados, e não têm relação com a descontinuação de algum modelo, como na GM.

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