domingo, 22 de dezembro de 2013

Passarella tem prisão pedida por escândalo com ingressos

O Globo
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RIO - Acusado de envolvimento num esquema de revenda de ingressos de jogos e shows no estádio do River Plate, Daniel Passarella, ex-presidente do clube e campeão do mundo como jogador da Argentina, em 1978, teve sua prisão pedida. Além dele, dirigentes do clube, chefes de torcida organizada, policiais federais e até o irmão da ministra da Segurança tiveram a prisão pedida pelo promotor José Maria Campagnolli.
A investigação, que envolveu até o monitoramento dos envolvidos por escutas telefônicas, revelou a estreita ligação entre a diretoria do clube e os líderes de torcida, os chamados Barras Bravas. E justamente num momento em que o futebol argentino vive uma de suas mais graves ondas de violência entre torcedores. Além de Passarella, foram pedidas as prisões de mais 11 pessoas, entre elas quatro líderes de torcida e três dirigentes do River Plate ligados à distribuição e controle de vendas de ingresso.
As revelações foram feitas ontem pelo jornal argentino “Olé”. Curiosamente, após envolver o irmão da ministra em suas investigações, Campagnolli foi suspenso de suas funções. O juiz encarregado do caso, Fernando Caunedo, é acusado de ter "pisado no freio" nas investigações. Nesta segunda-feira termina o prazo de apelação e também o prazo para se decidir se Campagnolli será reincorporado a sua função.
O esquema funcionava a partir de uma lista de quase 10 mil sócios que, habitualmente, segundo os registros de dirigentes do River Plate, não costumavam retirar seus ingressos. Os bilhetes eram emitidos mas, em vez de entrarem no site oficial de venda do River Plate, eram repassados diretamente a líderes de torcida, que os revendiam de várias formas: pela internet, nas imediações do estádio Monumental de Nuñez, num escritório de luxo no centro de Buenos Aires ou até mesmo para turistas que chegavam a pagar US$ 300 para ir a um jogo, em setores nobres do estádio. Para a venda direta ao redor do estádio, havia um grupo de 57 revendedores.
As escutas revelaram que o dinheiro era repartidos entre os líderes de torcida e os dirigentes. Em uma gravação, Matías Goñi, considerado o número 3 na hierarquia dos Barras Bravas do River Plate e intimamente ligado ao Ex-Secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno, conta ter arrecadado quase R$ 25 mil apenas no último clássico entre River Plate e Boca Juniors. A investigação revela, além do envolvimento de dirigentes do clube, inúmeras ligações entre chefes de torcida e políticos.

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