Último adeus de Mandela em Qunu conta com 4,5 mil convidados
- Após dez dias de homenagens, corpo de líder africano é enterrado em sua aldeia de infância
- Zuma agradeceu esforços do líder por construir uma África do Sul democrática: ‘Obrigado por ser tudo o que precisávamos em um líder’
- Arcebispo emérito Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, participou da cerimônia após polêmica
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QUNU, África do Sul — Depois de dez dias de homenagens, sul-africanos e chefes de Estado se despediram pela última vez do ex-presidente Nelson Mandela neste domingo, em Qunu, vilarejo onde o líder passou a infância e foi enterrado. Dos 4,5 mil convidados que participaram do funeral, uma das grandes surpresas foi o arcebispo emérito Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz e amigo de longa data de Mandela, que chegou a dizer que não participaria do sepultamento. A cerimônia contou com ainda a presença do príncipe Charles, representando sua mãe, a Rainha Elizabeth II, entre muitos outros chefes de Estado, e figuras como a apresentadora de TV dos EUA Oprah Winfrey. Após o funeral, o corpo foi levado para local onde foi sepultado, em uma cerimônia privada.
A despedida começou às 4h (horário de Brasília) com uma salva de tiros de canhão, enquanto o caixão, envolto na bandeira sul-africana, era transportado por um veículo militar. Depois, o ataúde foi coberto por uma pele de leão, símbolo reservado para os reis nativos de xhosa. A pouco metros de distância, toda a família vestida de preto acompanhava a cerimônia, onde uma foto de Madiba era adornada por noventa e cinco velas acesas, idade em que o líder morreu.
Moradores de Qunu assistiram ao funeral por um telão montado próximo ao local. Alguns tentaram, em vão, se aproximar da tenda onde aconteceu a cerimônia. Soldados que fizeram a segurança da área também acompanharam a despedida. Em discurso, o presidente Jacob Zuma agradeceu os esforços de Mandela para construir uma África do Sul democrática. E aos familiares do ex-presidente por terem compartilhado Mandela com o mundo.
- Madiba, sentiremos saudades de seu sorriso, suas risadas e de sua liderança. Obrigado por ser tudo o que queríamos e precisávamos em um líder - disse ele, que recebeu aplausos, e não vaias, como nos primeiros dias de homenagem.
Nadba Mandela, neto do ex-presidente, leu seu obituário relembrando a vida do líder desde sua infância, passando pela luta contra o apartheid, os anos na prisão e a vida política. Mandla, o neto mais velho, passou toda a noite ao lado do caixão de seu avô. Ele tem sido uma figura presente e importante em todas as cerimônias de homenagem.
Diferentemente da cerimônia da última terça-feira, que teve discursos mais formais, o funeral deste domingo contou com diversos momentos de descontração, quando pessoas próximas a Mandela relembraram passagens curiosas da vida do ex-presidente.
- Sentiremos saudades de sua voz severa, de quando estava aborrecido, seu riso, porque tinha um grande senso do humor, e de suas histórias; era um grande contador de histórias - disse Nandi Mandela, neta do símbolo da luta contra o apartheid.
Após a cerimônia, o caixão foi levado para ser enterrado ao lado dos restos mortais de três de seus filhos que já morreram. Enquanto o caixão era abaixado para a sepultura, três helicópteros militares sobrevoavam o cemitério com a bandeira sul-africana, rememorando a posse de Mandela como primeiro presidente negro da África do Sul há quase duas décadas. Uma bateria de canhões disparou uma salva de 21 tiros, que ecoaram pelas colinas do Cabo Oriental, antes de cinco caças voarem baixo e em formação sobre o vale. Ao lado da sepultura, 450 parentes, líderes políticos e convidados estrangeiros acompanharam o adeus final.
- Foi realmente uma longa caminhada até a liberdade, e agora você conseguiu a liberdade definitiva no seio de seu criador - disse o capelão da Força Nacional de Defesa da África do Sul.
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