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Surpresa e sentimento de dever cumprido: a saída de Tite do Timão
Após alcançar 'zona de conforto' no Brasileiro, técnico não esperava decisão imediata da diretoria em relação à permanência na próxima temporada
Por Carlos A. Ferrari e Rodrigo FaberSão Paulo, SP
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O técnico Tite não sabia que horas depois da vitória por 1 a 0 sobre o Coritiba, no estádio Couto Pereira, seria avisado de que não está nos planos do Corinthians para 2014. O sentimento após a reunião com o departamento de futebol do clube era de surpresa. Após mais de três anos e com cinco títulos no currículo, Tite não esperava um desfecho dessa forma em sua própria história no Parque São Jorge.
O próprio treinador havia pedido à diretoria que aguardasse a marca dos 46 pontos no Campeonato Brasileiro para discutir uma eventual renovação de contrato. O triunfo na capital paranaense – que levou o Timão aos 48 – fez com que a equipe atingisse a “zona de conforto” e ganhasse fôlego na competição. E foi também o último elemento que os dirigentes esperavam para dar o passo mais importante no planejamento para 2014.
Nos bastidores, entre membros da cúpula, a permanência de Tite já era discutida. O presidente Mário Gobbi Filho, o diretor de futebol Roberto de Andrade, o adjunto Duílio Monteiro Alves e o gerente Edu Gaspar não eram unânimes quanto à questão. A derrota para o Grêmio na Copa do Brasil, há um mês, colocou o técnico “na corda bamba”, mas, naquele momento, todos entenderam que o melhor era manter o técnico no cargo pelo restante do Brasileirão.
Não havia sido a primeira vez que Tite ficava em situação delicada na competição. O próprio técnico chegou a dar sinais de cansaço com a pressão excessiva e a dificuldade para manter o alto nível construído nos anos anteriores. Após a goleada por 4 a 0 sofrida para a Portuguesa, no fim de setembro, o lateral Alessandro e o atacante Emerson substituíram o treinador na entrevista coletiva pós-jogo, para evitar qualquer anúncio precipitado de saída.
O sentimento de Tite é de dever cumprido. O técnico recebeu diversas propostas para deixar o Corinthians durante 2013, mas sequer ouviu valores, em respeito ao clube. Recentemente, assegurou que não trabalharia no Brasil na próxima temporada e, caso saísse do Timão, buscaria um destino fora do país. O fato de a diretoria ter tomado uma decisão “instantânea”, no momento em que aceitava negociar, por ver a equipe fora de perigo no Brasileirão, deixou Tite contrariado.
Tite, no CT do Corinthians (Foto: Rodrigo Faber)
O breve diálogo com os jornalistas ao fim do treino de quinta-feira, após a reunião que decretou o fim da trajetória no Corinthians, mostrou o treinador ainda atrapalhado. Para evitar polêmica, o técnico foi orientado a não comentar o assunto, pelo fato de ser, segundo ele, “uma questão de hierarquia”. Apenas resumiu o próprio estado: “em paz consigo mesmo”. Funcionários do clube revelaram que ele ficou chateado após o encontro com os dirigentes.
A maioria do elenco também ficou ressabiada com a decisão da diretoria. Tratado como figura paterna pelos jogadores, Tite vinha participando das discussões da cúpula em relação a reforços para 2014. Com a chegada de Mano Menezes, a tendência é que haja ainda mais mudanças. A ideia é utilizar mais reforços recentes, como Diego Macedo e Rodriguinho, e suprir carências do grupo, como laterais e atacantes.
A ideia de ir para o Shandong Luneng, da China, atrai o treinador por conta das altas cifras. Em período final de temporada, Tite deve receber diversas propostas de clubes do Brasil, mas a ideia dele é tirar um período de descanso antes de voltar a trabalhar.
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