sábado, 23 de novembro de 2013


Polícia não encontra corpo de jovem no sítio do pastor Marcos Pereira

Acusado de crime, já morto, seria amigo de religioso

VANIA CUNHA
Rio - Uma fazenda usada pelo pastor Marcos Pereira para ressocialização de ex-detentos, em Tinguá, na Baixada Fluminense, foi alvo de buscas da polícia na manhã desta quarta-feira. Investigadores da 58ª DP (Posse), promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público, bombeiros e cães farejadores, vasculharam a fazenda Vida Renovada em busca de vestígios do corpo de Liliane dos Santos Alves, 29 anos, que está desaparecida desde julho. A jovem foi sequestrada quando saía de uma academia de ginástica em Nova Iguaçu e, segundo as investigações, o acusado teria levado a vítima para a fazenda. No entanto, nada foi encontrado.
Segundo o delegado Marcos Henrique Alves, apesar de proprietário da fazenda, o pastor Marcos Pereira - preso desde maio sob acusação de estupro de fiéis da Assembleia de Deus Últimos Dias -, não tem ligação com o crime de Liliane. Segundo o Ministério Público, o acusado e o religioso seriam amigos. A polícia afirma que o sequestrador era evangélico e frequentava diversas igrejas.
Polícia fez buscas no sítio do pastor Marcos
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
A suntuosidade da fazenda Vida Renovada se destaca no meio da comunidade simples de Tinguá. Além de uma casa principal, o local conta com piscina, área de lazer e até um lago com pedalinhos. Em agosto, guardas da reserva florestal que fica ao lado do local encontraram um acampamento que teria sido usado pelo sequestrador Marco Antônio Borges.
Ali, havia roupas, mantimentos, pedaços do macacão de ginástica da vítima, correntes, além de uma mochila com a pistola usada no sequestro e até mesmo uma nota fiscal da compra de absorventes femininos. Pouco depois, a mãe de Marco Antônio contou à polícia que ele costumava frequentar a fazenda. A Justiça concedeu mandado de busca e apreensão para o imóvel.
Mãe de vítima tem esperanças de encontrar a filha viva
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
"Acreditamos que ele tenha usado o local como o cativeiro da Liliane. Há muitos vestígios e uma trilha que vai parar dentro da reserva, para onde ele pode ter levado a moça. Fizemos várias diligências, mas ainda não conseguimos localizá-la", disse o delegado, que já usou até helicóptero nas buscas. Para ele, o motivo do crime pode ter sido sexual.
"Investigamos que ele a tenha levado para fins sexuais, já que ela não carregava nada de valor no momento do ataque. Não estava nem com a carteira. Mas esse não costumava ser o modus operandi dele, que já sequestrou outras moças jovens, mas sempre para roubar e depois as libertava", explicou.
O sequestro da manicure, na noite de 19 de julho, foi registrado por câmera de vigilância na rua. Marco Antônio puxa a moça pelo braço e a coloca dentro de um carro, que também não foi encontrado. Ele foi reconhecido nas imagens por uma testemunha.
Marcos é acusado de vários sequestros em inquéritos de delegacias do Rio e da Baixada, entre eles, o da publicitária Patrícia Gomes Ávila, que foi levada na Penha e teve seu corpo abandonado com tiro na nuca em Queimados, cerca de 15 dias antes do sumiço de Liliane.
A mãe da vítima, Mariana dos Santos, diz ter esperança de encontrar a filha viva. "Não passa pela minha cabeça que ela esteja morta. Quero uma resposta. Deixei a minha vida para trás porque minha filha é um pedaço de mim que está perdido por aí", lamenta Mariana, que faz investigações por conta própria, na tentativa de achar Liliane.
Marco Antônio morreu num confronto com PMs no Centro de Nova Iguaçu, no final de julho. Ele estava foragido do sistema penitenciário desde dezembro, quando recebeu benefício do regime semi-aberto e nunca mais voltou. O acusado cumpria condenação de 27 anos por roubo, homicídio, estupro, extorsão e sequestro.


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