Advogado da Lusa é acusado de ser indicado pela CBF, e, em seis meses, atuou em um quarto dos julgamentos do STJD
Osvaldo Sestário é um nome conhecido no 15º andar do prédio de número 35 da Rua da Ajuda, no Centro do Rio. Em dia de julgamentos do STJD, é quase certo que ele estará presente. Seu escritório, Belaciano & Sestário Advogados, atende a mais de 30 clubes de futebol das Séries A, B, C e D, o que o leva a ocupar o púlpito do tribunal com frequência. Pivô da polêmica que ameaça mudar os destinos traçados dentro de campo no Brasileiro, o advogado é dono de um perfil polêmico.
Há 10 anos trabalhando diretamente com o STJD, Sestário não agrada a muitos de seus colegas de profissão. Eles o acusam de ser pago pela CBF para prestar serviços para os clubes de menor porte do futebol brasileiro. Pelo acordo, a entidade sugeriria seu nome aos clubes, que não precisariam pagar pelo serviço.
Quem fala isso, ou está mal informado ou quer me prejudicar. Não tenho contrato nenhum com a CBF, mas sim com os clubesOsvaldo Sestário
— Quem fala isso, ou está mal informado ou quer me prejudicar. Não tenho contrato nenhum com a CBF, mas sim com os clubes. Com a própria Portuguesa, já são nove anos de parceria — defende-se o advogado. — Podem estar fazendo confusão com o fato de eu ter ajudado a criar a FBA (entidade que administrava a Segunda Divisão). Até 2008, eu advogava pelos clubes que faziam parte dela.
Seja de graça ou pago, o fato é que Sestário é um dos advogados mais procurados pelos clubes atualmente. Nos últimos seis meses, dos 612 julgamentos do tribunal, 144 contaram com a participação dele — 23,5% dos casos. Em alguns deles, chegou a defender duas ou até três partes no mesmo caso, o que ele não vê como conflito de interesse.
Não há conflito (de interesses) não. E quando há, eu aviso antes aos diretores jurídicos dos clubes para que eles coloquem outro advogado no meu lugarOsvaldo Sestário
— Na maioria dos casos, não há conflito não. E quando há, eu aviso antes aos diretores jurídicos dos clubes para que eles coloquem outro advogado no meu lugar.
Paranaense que mora há dez anos no Rio, ele já viveu o outro lado do futebol ao ser presidente do Londrina, em 2002 e 2003. Depois, passou a se dedicar exclusivamente ao Direito Desportivo. Os anos de experiência no tribunal depõem contra a tese de que ele teria se enganado ao passar para a Portuguesa a informação errada sobre a punição de Héverton (a Lusa diz que foi informada de um gancho de apenas uma partida, e não duas, como ocorreu de fato).
— Na verdade, não sei de onde surgiu essa informação, mas não é verdade. Informei que foram dois jogos. Tenho as anotações comigo e tinha uma pessoa do meu lado que não me deixa mentir. Pode ter havido uma má interpretação.
Erros desse tipo não fazem parte do currículo de Sestário. Mas há uma curiosidade em seu passado. Em fevereiro de 2009, ele foi um dos advogados do Vasco no caso Jeferson, meia escalado de forma irregular em jogo do Estadual. O Vasco foi punido e acabou eliminado da Taça Guanabara daquele ano. Quem acompanhou o caso, como parte interessada, foi o mesmo Fluminense que hoje aguarda ansiosamente pelo resultado da Portuguesa.
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