A luta pela vida de Rojas: pivô do episódio da ‘fogueteira do Maracanã’, ex-goleiro está na fila para conseguir transplante de fígado
A “La Roja”, como é chamada a seleção chilena, quer sair da fila da freguesia contra o Brasil. E um dos maiores personagens do clássico sul-americano quer sair de uma fila agonizante: Roberto Rojas, goleiro que, em jogo pelas Eliminatórias para a Copa de 1990, na Itália, fingiu ter sido atingido por um rojão, está há três anos à espera de um transplante de fígado. O Chile deixou o campo no episódio, e Rosenery virou a “ fogueteira do Maracanã”.
Com 56 anos, Rojas é sempre lembrado em seu país. No Brasil, terra que o acolheu, se queixa de esquecimento. Por causa da complicação na saúde, Rojas teve que deixar de trabalhar e tem que passar por procedimentos médicos regularmente até conseguir o transplante. Nesta terça-feira, manteve a rotina de passar o dia em tratamento e sendo submetido a exames.
Viviane Bruno, brasileira casada com o ex-goleiro, conta que ele recebe muito apoio da torcida, dos jogadores e de ex-atletas chilenos. Na segunda-feira, a convite da Federação de Futebol do Chile, ela e Rojas assistiram ao jogo entre Chile x Holanda, no Itaquerão.
Um afago que Rojas sente no Brasil. Viviane diz que ele não tem sido procurado pelos seus amigos daqui. Até mesmo o São Paulo, clube que defendeu como jogador e o acolheu depois de ser banido do futebol, ela acusa de esquecimento.
— O apoio dos amigos é muito importante. Alguns, como o Zetti, o Gilmar Rinaldi e o Dario Pereyra o procuram. Acho que o São Paulo deveria lembrar mais dele — disse Viviane.
No ano passado, o Colo Colo, do Chile, fez uma homenagem para Rojas com a realização de um jogo festivo em Santiago com a participação de vários jogadores.
Logo após a vitória sobre a Espanha, pelo seu Twitter, o goleiro do Chile na Copa do Mundo, Claudio Bravo, postou uma foto ao lado de Rojas na década de 1990, dedicando o resultado ao ex-jogador.
— O Rojas é uma pessoa muito boa. Sempre faço contato para saber como ele está. É bom ter os amigos por perto — contou o técnico uruguaio Dario Pereyra, que jogou e trabalhou com o chileno no São Paulo.
Copa como distração
Morando em São Paulo, Rojas tem acompanhado todos os jogos da Copa do Mundo, o que se torna uma distração para ele. Apesar de estar distante da profissão, o futebol segue sendo o seu assunto favorito. Quando vai ao Chile, o ex-goleiro é convidado para participar de programas esportivos em várias emissoras. Segundo Viviane, alguns clubes chilenos o procuram para fazer consultorias.
— Pela sua experiência como jogador e técnico, o Roberto entende muito de futebol. Ficamos horas conversando sobre o assunto. No Chile, ele é sempre convidado para participar de mesas redondas sobre futebol. As emissoras chegam a disputá-los — disse Viviane, que é publicitária e design de interiores.
Seguindo o tratamento, Rojas passou por uma cirurgia, em março, para colocar um estent, que é um aparelho que liga o coração ao fígado e ajuda na drenagem. Porém, a cada 15 dias, o chileno ainda precisa ir até o hospital para retirar líquido do pulmão. Para conter a ansiedade para o transplante, Viviane contou que os médicos não gostam de fixar um número na fila, já que o transplante necessita de uma análise caso por caso, levando em conta a gravidade do paciente e da compatibilidade do órgão disponível.
— Fico com o meu celular e o telefone de casa ligados 24 horas por dia esperando algum contato do hospital sobre um possível doador, já que o processo tem que ser muito rápido. Acredito que o sistema de doação de órgão deveria ser repensado no Brasil. Antes, a pessoa se declarava doadora de órgãos na carteira de identidade. Hoje, as família, que está sensibilizada, tem que decidir. O Roberto foi convidado para fazer parte de uma campanha sobre doações de órgão no Chile. Lá o sistema mudou. Todo chileno é doador de órgão — contou.
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