quarta-feira, 25 de junho de 2014

Jeitinho francês: no papo, e de forma ilegal, torcedor francês já foi a dois jogos da Copa

Abeka Yacine, o francês que driblou a segurança do Maracanã Foto: Lucas Altino / EXTRA
Lucas Altino
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A Copa do Mundo no Brasil mobiliza um efetivo de cerca de 150 mil agentes, entre membros da Forças Armadas e stewards, para a segurança do evento, mas nenhum deles foi capaz de impedir que um estudante francês de 21 anos entrasse, sem ingresso, em dois jogos.
Abeka Yacine, diferentemente do que fizeram chilenos e argentinos, não precisou quebrar portões ou pular muros de estádios, ele apenas encarnou um ator e abusou do papo para alcançar - de forma ilegal - o seu objetivo.
O fanático torcedor está no Brasil para a sua primeira Copa do Mundo e trouxe entradas para os jogos da França contra Equador e Suíça. Entretanto, as duas partidas não foram o suficiente para ele. No dia do duelo entre a Argentina e Bósnia e Herzegovina, Yacine estava nas proximidades do Maracanã, assistindo à vitória da seleção de seu país contra Honduras. Ao ver seus amigos se dirigirem ao estádio para ver o show de Messi, ele decidiu que iria acompanhá-los.
Ao lado de um outro amigo, que também estava sem ingresso, Yacine tentou comprar entradas com cambistas, mas desistiu por causa dos altos preços. A solução foi uma espécie de "jeitinho francês."
- Nesse momento, eu falei que nós iríamos entrar de graça e pedi a ele que fizesse uma cara de triste. Comecei a falar para os voluntários que havíamos sido assaltados, que aquela situação era um absurdo e que queria recuperar meu ingresso. O segredo é falar em inglês e deixar claro que se trata de um turista. Assim, é mais fácil de eles acreditarem. Eu também copiei o que outros torcedores que foram roubados estavam falando para os fiscais - explicou o francês, que reconheceu não ter poupado na dramaticidade.
Os dois foram encaminhados a superiores da segurança, até que, depois de muitas reclamações, quando o jogo já havia começado há 20 minutos e a Argentina já vencia por 1 a 0, eles receberam entradas especiais, com a classificação “Match for Contingency”, para a categoria 4. Felizes, puderam acompanhar a vitória dos hermanos por 2 a 1. Yacine inclusive foi filmado no telão do Maracanã durante o jogo.
Yacine chegou até a aparecer no telão do Maracanã, no jogo contra a Argentina
Yacine chegou até a aparecer no telão do Maracanã, no jogo contra a Argentina Foto: Foto do leitor
A tática foi repetida em Belo Horizonte, no jogo entre Bélgica e Argélia.
- Depois que consegui entrar no Maracanã, pensei que poderia entrar em qualquer estádio. No Mineirão, foi mais fácil do que eu imaginei. Eu só precisei falar com uma pessoa responsável, que logo me deu entradas especiais. Ainda consegui uma para um argelino que parecia estar bêbado e tinha perdido o ingresso dele - comentou Yacine.
Apoio aos protestos
Yacine desembarcou no Brasil no dia 8 de junho e, desde então, está hospedado na Lapa. Caminhando bastante pelas ruas da cidade, ele se diz encantado com o país, mas também demonstrou seu apoio às manifestações que questionam os abusos de investimento público.
- Estou adorando a Copa do Mundo, o clima , os jogos. Eu amo futebol, mas também entendo os motivos para protestos. É de se refletir quando você entra em um estádio novo, lindíssimo, e depois vai pra Lapa e vê pessoas dormindo no chão. É muito dinheiro investido e a maior parte do lucro vai para a Fifa - ponderou o estudante de marketing esportivo.
Somente durante a estadia no Brasil, Yacine teve a oportunidade de conhecer, além do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Torcedor do Olympique de Marselha, ele está otimista com o desempenho da seleção francesa.
- O time está perfeito. Acho que dificilmente seremos campeões, mas até a final dá para chegar - celebrou.
Especialista no assunto
A “malandragem” que Yacine demonstrou ao furar a segurança da Copa do Mundo não é uma característica nova. O francês diz que já entrou em mais de cinco jogos do Campeonato Francês, mas com outra estratégia: vai na entrada destinada a convidados e afirma que é parente de algum jogador do time adversário, e então sua entrada é liberada. Mas a grande proeza de Yacine não foi em um jogo de futebol.
- Nas Olimpíadas de Londres, eu consegui entrar na Vila Olímpica, que é o lugar mais vigiado do mundo durante os Jogos. Eu vesti o mesmo uniforme dos atletas e apenas mostrei meu passaporte rapidamente ao segurança, nem precisei apresentar o crachá. Fiquei lá pouco tempo, aproveitei a comida de graça e depois saí - explicou.
O ingresso recebido para o jogo da Argentina, qom a classificação : venda proibida
O ingresso recebido para o jogo da Argentina, qom a classificação : venda proibida Foto: Lucas Altino / EXTRA
Se depender do fanatismo de Abeka Yacine por esportes, ele ainda frequentará muitos estádios em sua vida, seja com ingressos ou não. Dizendo que não tem medo de represálias, o francês alega que apenas tenta burlar a segurança no papo e não “quebrando portas como os chilenos”, e diz que tem seus segredos para não ser pego.
- Eu gosto de variar minhas técnicas. Quando sinto que não vai dar pra entrar, eu não insito muito, para não criar uma situação muito chamativa - resumiu Yacine.
Apesar de se gabar que nunca foi barrado em um jogo, Yacine chegou a ver sua técnica falhar no Rio de Janeiro, quando não conseguiu entrar na sala vip da Fan Fest.
- Eu estava com roupas de praia, aí realmente seria difícil - brincou

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