sexta-feira, 6 de junho de 2014

Lula quer se desvincular de medidas tomadas pela equipe econômica, avalia oposição

Cristiane Jungblut e Isabel Braga - O Globo
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BRASÍLIA - A oposição avaliou nesta sexta-feira que o ex-presidente Lula, ao criticar o secretário do Tesouro Arno Augustin, está querendo se "descolar" dos problemas da política econômica, principalmente da alta da inflação. Para o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), as declarações são o "atestado de Lula a um fracasso na economia". Já o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), Lula enfraquece a própria presidente Dilma Rousseff, quando ataca o seu homem forte da economia.
- Sem dúvida, o ex-presidente Lula está querendo se desvincular do fracasso da economia, que já está doendo no bolso. A inflação já está batendo no centro da meta, e só induzir o crédito não leva ao crescimento. Lula mesmo deu o atestado que faltava para o fracasso da política econômica, e acabou aumentando a crise de confiança que a presidente Dilma Rousseff vem enfrentando. No PT, eles sempre têm o hábito de culpar terceiros. Mas é Arno que conduz a equipe econômica, com aval de Dilma - disse Mendonça Filho.
Na mesma linha, o tucano disse que Lula atacou a presidente Dilma, devido à influência do secretário do Tesouro.
- Lula é o grande conselheiro dela e quer se afastar, se descolar, atacando os principais assessores dela. Isso confirma e reforça ainda mais a crise de confiança que a presidente Dilma atravessa. Mas não adianta ele dizer que não sabia, que não tem nada com isso, como sempre - disse Imbassahy.
Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defendeu Lula. Ele argumentou que o ex-presidente tem respaldo de apontar eventuais problemas, já que teve grande sucesso na economia durante seu governo.
- Pela experiência que o ex-presidente tem, pelo conhecimento que ele adquiriu na área, já que seu governo se saiu muito bem, ele tem condições de opinar. E reconhecer as dificuldades não é ruim, é algo positivo - disse Humberto Costa.
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP) vê com naturalidade as declarações de Lula, não como cobrança ou interferência na gestão da presidente Dilma. Para o petistas, são sugestões de alguém que já foi presidente da República e alguém que a presidente Dilma escuta muito.
- O presidente Lula, como ex-presidente e como cidadão, tem direito de se manifestar e são observações construtivas, são dicas do principal articular da campanha da presidente Dilma. A inflação está sob controle, diminuiu um pouquinho, os dados mostram que o último trimestre, em termo de geração de empregos, foi melhor que o mesmo trimestre do ano passado. As declarações não atrapalham, pelo contrário, ajudam - disse Vicentinho.
Aliados acreditam que Lula possa estar mandando sinais para os empresários, que estão muito irritados com a condução da economia e, principalmente, com o secretário Arno Augustin.
- Arno Augustin é a representação do mau humor do empresariado - afirmou um aliado.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que, como economista, concorda com a avaliação de que, se não há inflação de demanda, não tem porque cortar o crédito, mas não sabe o contexto em que ela foi dita. E arrisca uma avaliação:
- O presidente Lula pode estar querendo dar uma sacudida na discussão do processo econômico, até porque a última pesquisa mostra a baixa da expectativa dos brasileiros com relação à economia.

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