Ilha do Retiro
A história de Deibson: portador de doença rara e rubro-negro de coração
Garoto tem suspeita de sofrer da Doença de Addison. Ele chegou a perder a visão, a fala e a memória
Brenno Costa - Diario de Pernambuco
Publicação:
01/12/2013 13:00
Atualização:
30/11/2013 20:45
Garoto esteve na Ilha do Retiro pela primeira vez para ver jogo contra o Paysandu |
Deibson não fala e nem anda. Mas não presiva usar de tantos gestos ou palavras para expressar o que estava sentindo. O sorriso estampado no rosto era o simples e o necessário. "Ele não está acreditando. Ele ficou pasmo. Está se sentindo o rei da festa", disse Jeane. Era o contato mais próximo que o garoto teve com o time de coração. Não a emoção mais forte.
Uma semana antes, ele foi receber os jogadores que conquistaram o acesso à Série A no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Juntou-se aos 50 mil rubro-negros. A limitação física não foi motivo de qualquer tipo de desculpa. "Ele acordou de manhã cedo e já estava desesperado para ir. Eu fiquei com medo por conta violência, mas eu levei. Fomos de ônibus, mas vários motoristas não quiseram levar porque disseram que estavam com os elevadores quebrados. Até que um grupo de torcedores ajudou colocando ele dentro do ônibus. Depois, fui caminhando com ele até o viaduto Tancredo Neves. Fui comprando água, colocando para ele beber e jogando no corpo dele", lembra a mãe.
Deibson recebe time após o acesso |
O jogo termimou em 0 a 0, mas esteve longe de frustrar a quem está sempre sorrindo, mesmo sem saber ao certo a doença que tem. Segundo Jeane, uma das médicas que cuida do garoto suspeita que ele sofre da Doença de Addison. Um mal que afeta duas pessoas a cada 100 mil. Ela faz com que as glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, não produzam hormônio cortisol e, em alguns casos, a aldosterona, em quantidade suficiente. Com isso, o garoto não se desenvolve da maneira comum.
"Depois da parada, só quatro dias depois, foi quem suspeitaram dessa doença. Tivemos que colher o sangue e ele foi enviado para o Rio Grande do Sul. Não tive o resultado desse exame. Me parece que perderam. A médica dele daqui desconfiou da doença porque, quando ele estava na crise, ele ficou com a pele muito mais escura. Agora, ele tomou um corticóide que acabou clareando", diz Jeane.
Ela ainda lembra que, durante a crise, Deibson ainda chegou a perder a memória. Depois, conseguiu recuperá-la. Pode, assim, manter intacto na memória a sua paixão pelo clube. "Ele já gostava antes do Sport. É o time dele de coração. Ele comemorava muito quando saía um gol quando a gente morava lá na Ilha de Deus", afirma a mãe... também aos sorrisos. O melhor remédio.
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