sábado, 31 de agosto de 2013

Brasileirão

Violência ligada ao futebol já matou 13 pessoas em 2013. Nordeste é o maior polo

Falta de divulgação a nível nacional esconde uma terrível sequência de vítimas ligadas ao futebol nesta temporada. Quase duas mortes por mês, com maioria no Nordeste

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Rodrigo Vessoni 31/08/2013 - 09:05 São Paulo (SP)
Briga entre torcedores - Vasco x Corinthians (Foto: Cleber Mendes/LANCE!Press)
O assunto voltou à tona após a briga generalizada entre corintianos e vascaínos em Brasília, num jogo que estava sendo transmitido ao vivo pela TV para quase todo país. Porém, a violência ligada ao futebol já acontece desde os primeiros dias deste ano, sendo “escondida” pelo fato de a imensa maioria das vítimas terem sido alvejadas fora do eixo Rio-São Paulo, ou seja, de menor acompanhamento da mídia de alcance nacional.

Até agora, foram 13 mortes ligadas ao futebol, sendo que os estados Norte e Nordeste são os que mais sofreraram com intolerância entre torcedores, principalmente, daqueles que pertencem à facções uniformizadas.

O destaque negativo, sem dúvida, fica por conta do Rio Grande do Norte, que contabilizou cinco mortes desde o dia 1 de janeiro. Chama atenção ainda o fato de o RN ter registrado as quatro últimas vítimas, sendo três na capital Natal e duas em Mossoró. O Nordeste também teve seus “representantes” com os estados da Paraíba, Alagoas e Ceará, tradicionais palcos de barbárie de facções organizadas.

Maurício Murad, sociólogo que escreveu o livro “A violência no futebol” e membro da Academia L! explica os motivos dessa explosão de violência no Nordeste do país.

– O mapa nacional da violência ajuda a entender os porquês: o tráfico de drogas, os homicídios em geral e as rixas e vinganças entre famílias e grupos nordestinos cresceram proporcionalmente bem mais, do que em outras regiões do Brasil, embora o quadro global do país seja gravíssimo. Assim, o todo da região ajuda a entender a parcela que cabe ao futebol – explica Maurício Murad, que acompanha diariamente casos de violência no país.

Vale lembrar ainda que esse número de 13 mortes ligadas ao futebol poderia ser bem maior, já que houve inúmeros casos de intolerância entre torcedores, em diversas cidades do Brasil. Polícia Militar e uma dose de sorte evitaram o aumento.

Ataque deixa crianças sírias com queimaduras parecidas com as de napalm

Uma equipe da BBC presenciou o socorro às vítimas que sofreram um ataque em uma escola na Síria, que deixou dezenas de crianças com ferimentos semelhantes aos que são provocados por napalm.

Testemunhas disseram que a bomba foi jogada na escola em Aleppo, no norte da Síria, por um avião. Após uma pequena explosão, uma coluna de fogo e fumaça surgiu no local.

Ainda não se sabe que substância foi usada no ataque. As vítimas não tinham muitos sangramentos ou cortes - apenas queimaduras horríveis, na maioria dos casos cobrindo mais de 50% do corpo, o que reduz chances de sobrevivência.

As imagens filmadas pelo repórter Ian Pannell e Darren Conway são chocantes.
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A crise na Síria em fotos200 fotos

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31.ago.2013 - Blindados militares da Turquia guardam fronteira com a Síria em Cilvegozu Gregorio Borgia/AP
30/08/2013 - 17h15

Suspeitos de matar menino boliviano são mortos em cadeia de SP

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DE SÃO PAULO
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Atualizado às 18h35.
Os presos Paulo Ricardo Martins e Felipe dos Santos Lima, acusados de matar o boliviano Brayan Capcha, 5, foram assassinados na tarde desta sexta-feira no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, na Grande São Paulo.
Segundo funcionários do sistema prisional, ambos foram envenenados com o coquetel da morte. Trata-se de uma mistura de cocaína, viagra, água e até creolina.
Agentes penitenciários disseram que os presos estavam no pátio quando foram envenenados, por volta das 14h30. Eles chegaram a ser encaminhados para a enfermaria, mas não resistiram.
Esse método foi criado em meados da década passada por membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar seus inimigos. Somente na penitenciária de Iaras (a 285 km de São Paulo), foram mortos dez presos dessa maneira.
Com esse coquetel, a causa da morte é identificada como overdose e, dessa forma, é difícil chegar à autoria do homicídio. O CDP de Santo André é dominado por integrantes do PCC.
Em nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) confirmou as mortes e informou que vai apurar as circunstâncias em que elas ocorreram.
Cinco pessoas foram acusadas pela morte de Brayan. Um deles, menor de idade, está detido; dois continuam foragidos.
Reprodução/TV Globo
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP
A advogada da família de Brayan, Patrícia Vega, disse que, para a família do jovem boliviano, a morte dos dois suspeitos isso não muda nada. "O que eles esperam é que os outros dois foragidos sejam presos", disse.
O delegado da 8ª seccional de São Mateus, Antonio Mestre Junior, disse que vai apurar o crime para saber se foi motivado pelo crime contra o menino boliviano ou se foi alguma desavença com criminosos fora do presídio. Junior disse ainda que os dois suspeitos foragidos quase foram presos durante buscas na mesma região do interior de São Paulo.
CASO
Os bandidos que participaram do crime aproveitaram a chegada de um tio da criança para invadir a residência, na zona leste de São Paulo. Os familiares de Capcha chegaram a entregar R$ 4.500, mas os bandidos, insatisfeitos, passaram a ameaçar todos dentro da casa.
De acordo com o boletim de ocorrência, o menino chorava muito no momento do assalto e os criminosos chegaram a dizer que cortariam a cabeça da criança, caso ela não parasse de gritar. Momentos antes de fugir, um dos bandidos disparou contra a cabeça do garoto.
Ele foi levado ao pronto-socorro do Hospital São Mateus pelos próprios pais, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo um investigador, que preferiu não ter a identidade revelada, a maioria dos membros da família chegou há pouco tempo em São Paulo e ainda não fala bem português.
Segundo agentes penitenciários, membros do PCC mataram os acusados porque a facção criminosa não tolera violência contra crianças.
O suspeito foragido Diego Rocha Freitas Campos, apontado pelos investigadores como o autor do disparo que matou o menino boliviano, deixou a prisão junto com o outro foragido Wesley Soares Pedroso,19, durante a saída temporária do Dia das Mães neste ano, e não retornaram à prisão.

  atualizado às 20h41

Filho do presidente do Suriname é extraditado para os EUA por narcotráfico

Dino Bouterse, filho do presidente do Suriname, Desi Bouterse, foi extraditado do Panamá para os Estados Unidos por tráfico de drogas e armas, informou nesta sexta-feira a promotoria federal de Manhattan.
A extradição de Dino Bouterse ocorre no mesmo dia da abertura da cúpula dos chefes de Estado da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Paramaribo, na qual Desi Bouterse assumiu a presidência temporária do bloco.
"No dia 29 de agosto de 2013 as autoridades panamenhas detiveram Dino Bouterse na República do Panamá e o entregaram às autoridades dos Estados Unidos, onde é acusado de 'conspirar para trazer cocaína aos Estados Unidos".
Dino Bouterse será apresentado ainda nesta sexta-feira ao juiz federal de Manhattan, destacou a promotoria. As acusações contra Dino Bouterse são passíveis de prisão perpétua.
Dino Bouterse, 40 anos, foi condenado a oito anos de prisão no Suriname em 2005, por liderar uma quadrilha de tráfico de armas e drogas; mas saiu da cadeia em 2008 por bom comportamento. Após sua libertação, Dino foi nomeado pelo pai diretor da Unidade Antiterrorista do Suriname.
O presidente Bouterse é um ex-golpista protegido por uma lei de anistia e imunidade presidencial no processo por executar opositores. Também foi condenado à revelia na Holanda, em 1999, por tráfico de drogas.

BRASIL
|  N° Edição:  2285 |  30.Ago.13 - 20:40 |  Atualizado em 31.Ago.13 - 08:45

Onda de suicídios assusta

Em um ano, 11 agentes da PF tiraram a própria vida. Atualmente, policiais morrem mais por suicídio do que durante combate ao crime. Conheça as possíveis causas desse cenário dramático

Josie Jeronimo e Izabelle Torres
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DRAMA 
Em 40 anos, 36 policiais federais perderam a vida no cumprimento da função. 
Um terço desse total morreu por suicídio apenas entre 2012 e 2013
Vista do lado de fora, a Polícia Federal é uma referência no combate à corrupção e ainda representa a elite de uma categoria cada vez mais imprescindível para a sociedade. Vista por dentro, a imagem é antagônica. A PF passa por sua maior crise interna já registrada desde a década de 90, quando começou a ganhar notoriedade. Os efeitos disso não estão apenas na queda abrupta do número de inquéritos realizados nos últimos anos, que caiu 26% desde 2009. Estão especialmente na triste história de quem precisou enterrar familiares policiais que usaram a arma de trabalho para tirar a própria vida. Nos últimos dez anos, 22 agentes da Polícia Federal cometeram suicídio, sendo que 11 deles aconteceram entre março de 2012 e março deste ano: quase um morto por mês. O desespero que leva o ser humano a tirar a própria vida mata mais policiais do que as operações de combate ao crime. Em 40 anos, 36 policiais perderam a vida no cumprimento da função. Para traçar o cenário de pressões e desespero que levou policiais ao suicídio, ISTOÉ conversou com parentes e colegas de trabalho dos mortos. O teor dos depoimentos converge para um ponto comum de pressão excessiva e ambiente de trabalho sem boas perspectivas de melhoria.
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FALTA DE ESTRUTURA
Agentes trabalham amordaçados em protesto contra condições desumanas de trabalho
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) no ano passado mostrou que por trás do colete preto, do distintivo, dos óculos escuros e da mística que transformou a PF no ícone de polícia de elite existe um quatro grave. Depressão e síndrome do pânico são doenças que atingem um em cada cinco dos nove mil agentes da Polícia Federal. Em um dos itens da pesquisa, 73 policiais foram questionados sobre os motivos das licenças médicas. Nada menos do que 35% dos entrevistados responderam que os afastamentos foram decorrentes de transtornos mentais como depressão e ansiedade. “O grande problema é que os agentes federais se submetem a um regime de trabalho militarizado, sem que tenham treinamento militar para isso. Acreditamos que o problema está na estrutura da própria polícia”, diz uma das pesquisadoras da UnB, a psicóloga Fernanda Duarte.

O drama dos familiares dos policiais que se suicidaram está distribuído nos quatro cantos do País. A última morte registrada em 2013 ainda causa espanto nas superintendências de Roraima, onde Lúcio Mauro de Oliveira Silva, 38 anos, trabalhou entre dezembro do ano passado e março deste ano. Mauro deixou a noiva no Rio de Janeiro para iniciar sua vida de agente da PF em Pacaraima, cidade a 220 quilômetros de Boa Vista. Nos 60 dias em que trabalhou como agente da PF, usou o salário de R$ 5 mil líquidos para dar entrada em financiamento de uma casa e um carro. O sonho da nova vida acabou com um tiro na boca, na frente da noiva. Cinco meses se passaram desde a morte de Mauro e o coração de sua mãe, Olga Oliveira Silva, permanece confuso e destroçado. “A Federal sabia que ele não tinha condições de trabalhar na fronteira. Meia hora antes de morrer, ele me ligou e disse: Mainha, eu amo a senhora. Perdoa eu ter vindo pra cá sem ter me despedido”.
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Relatos de colegas de Mauro dão conta que ele chegou a sofrer assédio moral pela pouca produtividade, situação mais frequente do que se poderia imaginar. Como ele, cerca de 50% dos agentes federais já chegaram a relatar casos de assédio praticados por superiores hierárquicos. Essas ocorrências, aliadas a fatores genéticos, à formação de cada um e à falta de perspectivas profissionais, são tratadas por especialistas como desencadeadoras dos distúrbios mentais. “A forma como a estrutura da polícia está montada tem causado sofrimento patológico em parte dos agentes. Há dificuldades para enfrentar a organização hierárquica do trabalho. As pessoas, na maioria das vezes, sofrem de sentimentos de desgaste, inutilidade e falta de reconhecimento. Não é difícil fazer uma ligação desse cenário com as doenças mentais”, afirma Dayane Moura, advogada de três famílias de agentes que desenvolveram doenças psíquicas.
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Os distúrbios mentais e a ocorrência de depressão em policiais são geralmente invisíveis para a estrutura da Polícia Federal. De acordo com o Sindicato dos Policiais do Distrito Federal, há apenas cinco psicólogos para uma corporação de mais de dez mil pessoas. Não há vagas para consultas e tampouco acompanhamento dos casos. Foi nessa obscuridade que a doença do agente Fernando Spuri Lima, 34 anos, se desenvolveu. Quando foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em julho do ano passado, a Polícia Federal chegou a cogitar um caso de vingança de bicheiros, uma vez que ele tinha participado da Operação Monte Carlo. Dias depois, entretanto, descobriu-se que Spuri enfrentava uma depressão severa há meses. O pai do agente, Fernando Antunes Lima, reclama da falta de estrutura para um atendimento psicológico no departamento de polícia. “Os chefes estão esperando quantas mortes para tomar uma ação? Isso é desumano e criminoso”, diz ele. 

O drama de quem perdeu um familiar por suicídio não se limita aos jovens na faixa dos 30 anos. Faltavam dois anos para Ênio Seabra Sobrinho, baseado em Belo Horizonte, se aposentar do cargo de agente da Polícia Federal. Com histórico de transtorno psicológico, o policial já havia comunicado à chefia que não se sentia bem. Solicitou, formalmente, ajuda. Em resposta, a PF mandou dois agentes à sua casa para confiscar sua arma. Seabra foi então transferido para o plantão de 24 horas, quando o policial realiza funções semelhantes às de um vigia predial. A missão é considerada um castigo, pois não exige qualquer treinamento. No dia 14 de outubro de 2012, Seabra se matou, aos 49 anos. Apesar de estar perto da aposentadoria, a família recebe pensão proporcional com valor R$ 2 mil menor do que os vencimentos do agente, na ativa.
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Fruto de uma especial combinação de fatores negativos, internos e externos, o suicídio nunca foi uma tragédia de fácil explicação para a área médica nem para estudiosos da vida social. Lembrando que toda sociedade, em qualquer época, tem como finalidade essencial defender a vida de seus integrantes, o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917) demonstrou que o suicídio é a expressão mais grave de fracasso de uma comunidade e que raramente pode ser explicado por uma razão única. Ainda que seja errado apontar para responsabilidades individuais, a tragédia chegou a um nível muito grande, o que cobra uma resposta de cada parcela do Estado brasileiro que convive com esse drama.
fotos: Cesar Greco / Foto arena; Adriano Machado

Inscrições para viagem sem volta a Marte se encerram neste sábado

Mais de 165 mil já se inscreveram para participar do projeto Mars One

Sonda Curiosity, que chegou em Marte há um ano, é um jipe-robô que custou US$ 2,5 bilhões Foto: Reuters
Sonda Curiosity, que chegou em Marte há um ano, é um jipe-robô que custou US$ 2,5 bilhões
Foto: Reuters
As inscrições para disputar uma vaga no projeto Mars One, que levará os primeiros colonizadores humanos a Marte, se encerram neste sábado, dia 31. Os interessados devem ser maiores de 18 anos e precisam pagar uma taxa de registro que varia de acordo com o país de origem. É preciso ainda preencher um formulário, enviar o currículo e um vídeo de apresentação para o site oficial - http://www.mars-one.com/en/.
A seleção dos futuros astronautas será feita em quatro etapas, sendo que a primeira é a confirmação da inscrição com base no material enviado pelo candidato. A próxima fase começa em setembro.
Viagem
A viagem prometida pelo Mars One é para afugentar quem está na dúvida. Estão previstos sete a oito meses de deslocamento em uma estrutura apertada com outros três voluntários. Relações humanas devem ser testadas ao limite nesse ambiente. Também haverá pouca comida e nada de banho, apenas lenços umedecidos.
Tais adversidades não serão reduzidas na aguardada chegada. A temperatura média da superfície em Marte é de -65°C. Há frequentes tempestades de poeira e uma atmosfera formada em 95% por dióxido de carbono e com apenas 0,2% de oxigênio. "Marte não é fácil. Pouca atmosfera e muito frio. Como gerar calor para as pessoas e para, por exemplo, as estufas de produção de alimentos? Esses desafios podem ser vencidos, mas dificilmente por grupos isolados de pessoas voluntariosas", avalia o doutor em Astrofísica Jorge Ducati, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
​Filipe Moreira acredita que encontrará em Marte poeira, radiação, frio, solidão e muito trabalho, mas se diz preparado. Quanto à comida, água e ar racionados, entende ser um preço justo pela oportunidade. "Sem dúvida, o que eu mais sentiria falta em Marte seria um belo pedaço de picanha", afirma.
Tecnologia
Entre especialistas, sobra descrença quanto ao possível sucesso da missão. Para Jorge Ducati, ainda não há tecnologia disponível e segura de manutenção de vida em Marte. Sistemas de extração de água, de obtenção de oxigênio e sua reciclagem, de geração de calor e de produção de alimentos, entre outros, terão que ser desenvolvidos a tempo de ser comprovada sua confiabilidade.
Para ele, o caminho para Marte é o de uma aproximação gradual, como está sendo feito com os sistemas robóticos. Algum dia, mas não antes de 2030, humanos irão ao Planeta Vermelho em uma expedição internacional, acredita. "Este tem sido o caminho para repartir custos que são tão altos que mesmo as superpotências hesitam em investir sozinhas", considera.
Outros óbices estão no custo e nas naves, avalia Ducati. Atualmente, apenas os Estados Unidos têm projeto minimamente coerente de desenvolvimento de foguetes e outros equipamentos, com o objetivo de viagens ao espaço além da órbita lunar. "Não seria provável que os EUA cedessem sua tecnologia para o projeto Mars One, nem que vendessem", conclui.
31/08/2013 07h30 - Atualizado em 31/08/2013 08h33

'As crianças confundem rojões com bombas', diz refugiada da Síria em SP

Família acolhida no Brasil reza por parentes em mesquita de Barretos.
Dona de casa relata horror vivido em Damasco em meio a guerra civil.

Do G1 Ribeirão e Franca
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Todos os dias, a esperança é a palavra de ordem depositada nas orações dos muçulmanos. É em uma mesquita emBarretos (SP) que a família do sheikh Mohanad Al-Hussein, refugiada da guerra civil na Síria, faz súplicas para que a situação no seu país de origem e nas nações vizinhas do Oriente Médio seja amenizada sob os efeitos da guerra civil. O anúncio de que Estados Unidos, França e Reino Unido possam invadir o país gerou ainda mais preocupação aos estrangeiros.
"Pedimos que Deus proteja toda a Síria. Não só a sua família, e sim todos os cidadãos que estão oprimidos lá. Que Deus dê a misericórdia e força a eles para superar tudo o que eles estão passando. Há seres humanos na Síria. Não peço apenas para meus familiares, mas para todo meus país, para que Deus nos conforte e consigamos sair desta situação para uma situação melhor", afirma Mohanad.
O sheik veio para o Brasil em 2011, logo após o início do conflito na Síria. A mulher e os dois filhos, no entanto, continuaram no país e viveram momentos de horror durante a guerra civil. "Enquanto eu estava sozinho aqui no Brasil, eu só tinha contato com a minha família pela internet. Não havia nenhum tipo de contato telefônico e eu não sabia se eles estavam em paz ou não. Fiquei aflito, porque não dava para saber exatamente os locais em que eles estavam e como eu poderia me comunicar com eles", conta.
Com a ajuda do governo brasileiro, Mohamad conseguiu o visto de entrada para a mulher e os filhos no Brasil. A família, no entanto, só conseguiu sair da Síria há três meses, após atravessar clandestinamente a fronteira com o Líbano. A situação vivida em Damasco pela mulher do sheikh, Nisrin Surughi, e os dois filhos pequenos foi de total calamidade.
Muçulmanos rezam na mesquita de Barretos (Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)Muçulmanos rezam na mesquita de Barretos
(Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)
"Passamos por uma situação calamitosa, porque não havia estrutura nenhuma na Síria. Passamos frio, não tínhamos banheiro. Era praticamente uma vez por mês para podermos tomar um banho. Ficamos assim, saindo de um lugar para o outro na Síria até conseguirmos chegar ao Líbano", lembra a dona de casa.
Atualmente, a família está como refugiada no Brasil. Mesmo longe da guerra, os resquícios do terror ainda permanecem na mente de Nisrin e das crianças. "Embora eu esteja tranquila aqui no Brasil, não consigo ficar contente com a situação. Tudo o que passamos para chegar até aqui envolveu muito sofrimento. Meus filhos ficaram dois meses em pânico. Eles confundem barulho de rojões com bombas, perguntam qual é o prédio que vai cair. A mente deles ainda está muito abalada. Peço a Deus que tudo melhore lá e que a paz reine na Síria", diz.
O conflito
A Síria vive uma guerra civil desde março de 2011, quando opositores do presidente Bashar Al-Assad começaram a reivindicar mais democracia no país. A resposta do governo às manifestações foi violenta, o que fez com que as manifestações populares passassem à revolta armada. O conflito já resultou na morte de mais de 100 mil pessoas - sendo 50 mil civis.
Diante do impasse no país e do possível uso de armas químicas no conflito, os Estados Unidos analisam a possibilidade de uma ação militar "limitada" no país.
Família de sírios vive refugiada em Barretos (Foto: Ronaldo Oliveira/Barretos)Família de sírios vive refugiada em Barretos (Foto: Ronaldo Oliveira/Barretos)