domingo, 25 de agosto de 2013

Eficiente, mas não infalível25/08/2013 | 05h02

Mamografia não dispensa exames complementares

Estudo "10 razões para não fazer mamografia" causou polêmicas no mundo da saúde

Mamografia não dispensa exames complementares Porthus Junior/Agência RBS
Radiografia da mama deve ser feita por mulheres com mais de 40 anosFoto: Porthus Junior / Agência RBS
Desde meados dos anos 60, quando a GE apresentou o primeiro aparelho de mamografia (desenvolvendo o equipamento criado em 1913 pelo médico alemão Albert Salomon), o exame tornou-se o instrumento mais eficaz da medicina para diagnosticar precocemente o câncer de mama. 

É possível detectar um tumor até dois anos antes de ele ser palpável — fator decisivo para a sobrevivência da paciente. Segundo tipo mais frequente de câncer no mundo, e o mais comum entre as mulheres, o câncer de mama tem 95% de chance de cura se diagnosticado precocemente. 

O exame é recomendado anualmente para mulheres a partir dos 40 anos. Entre 2011 e 2012, conforme o Ministério da Saúde, o número de mamografias feitas no Brasil passou de 1.839.411 para 2.139.238. Na faixa prioritária, dos 50 aos 69 anos, o aumento foi ainda maior, de 21%. 

Mas a mamografia não é unanimidade entre os médicos. Enquanto seus defensores, como o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini, garantem que o exame contribui para a redução da mortalidade (em média, cerca de mil pessoas por mês no Brasil), a presidente e fundadora da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia, Lucy Kerr, diz que ele pode falhar — e muito. 

Autora do artigo "10 razões para não fazer a mamografia", Lucy alega que exames complementares, como a ultrassonografia e a ressonância magnética, apresentam resultados mais efetivos. E lembra que muitos programas de rastreamento já diminuíram o tempo entre os exames de mamografia. 

— Um terço dos casos de câncer de mama surge no intervalo entre as mamografias anuais sucessivas. São justamente os tumores mais agressivos  diz a médica. —

Ataque e defesa 
No artigo "10 razões para não fazer a mamografia", a médica Lucy Kerr, presidente da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia, Relaciona possíveis deficiências do exame para detectar o câncer de mama. Confira cinco delas e o contraponto dos médicos que defendem a radiografia do seio. 

PONTO: Não detecta as lesões periféricas. 
CONTRAPONTO: O exame médico e o autoexame (que sempre são feitos em combinação) são recomendados para isso. 

PONTO: Existem exames mais modernos e eficientes. O melhor método, desde que utilizado com o protocolo completo, é o três em um: a ultrassonografia, a elastografia e a ressonância magnética. 
CONTRAPONTO: A ultrassonografia, a elastografia e a ressonância magnética não são exames superados pela mamografia. Eles auxiliam muito na avaliação das mamas, porém sempre após a realização da mamografia.

PONTO: 70% das alterações percebidas na mamografia não evoluem para um câncer invasivo, mas, muitas vezes, ocorre um diagnóstico exagerado e um tratamento excessivo, o que pode fazer a mulher ter outras complicações decorrentes. 
CONTRAPONTO: O diagnóstico exagerado e o tratamento excessivo são considerações apenas teóricas, já que não há dados consistentes sobre isso. 

PONTO: A mamografia é falha para detectar cânceres causados por mutações genéticas, como no caso da atriz Angelina Jolie. Um estudo indica que a mamografia detectou 37% desses tumores, enquanto o exame de palpação pelo médico chegou a 60%.
CONTRAPONTO: Nas pacientes de alto risco, como as portadoras de mutações como a da atriz Angelina Jolie ou com forte histórico familiar de câncer, é indicada a ressonância, mas sempre combinada a mamografia. 

PONTO: A mamografia tem dificuldade para detectar o câncer em mamas densas, característica de quase metade das mulheres. Além do risco de falso negativo, a radiação não penetra adequadamente na mama, diminuindo a capacidade de diferenciar entre o tecido normal e o canceroso. 
CONTRAPONTO: A mamografia não é um exame tão efetivo para detectar o tumor nas mulheres que tem mamas densas. Para isso, recomenda-se a ultrassonografia.    

DICAS
Confira como e quando é hora de fazer a mamografia

>> Nas mulheres até 40 anos, é recomendada só quando há alto risco de um tumor ou estiver sendo investigada uma patologia na região do seio. 

>> Para as mulheres abaixo de 40 anos, é recomendado o autotoque e exame médico anual com um ginecologista ou mastologista. 

>> Em pacientes assintomáticos, a realização é recomendada somente após os 40 anos. 

>> Entre os 40 e 60 anos, o exame deve ser anual. 

>> Após os 70 anos, os riscos de desenvolver um câncer diminuem, e a recomendação deixa de ser anual. 

>> As mulheres devem fazer mensalmente o exame de autotoque, de preferência após a menstruação. 

Fonte: mastologistas Maira Caleffi e José Pedrini

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